segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Judiciário x mídia I - o perigo das declarações polêmicas

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), é o recordista de frases polêmicas ditas publicamente e que encontram grande ressonância na imprensa. Mendes não se furta sequer de antecipar sua posição em temas sobre os quais ainda terá que julgar no STF e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

No início deste mês, contudo, a frase mais polêmica envolvendo um membro do Judiciário foi proferida pelo desembargador Ivan Sartori (foto), ex-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo.
"Diante da cobertura tendenciosa da imprensa sobre o caso Carandirú [sic], fico me perguntando se não há dinheiro do crime organizado financiando parte dela" - Ivan Sartori, em sua página no Facebook
Sartori foi o relator do recurso que culminou na anulação do tribunal do júri do Massacre do Carandiru, que resultou na morte de 111 presos na capital paulista. O julgamento foi retratado como exemplo de impunidade e as críticas da imprensa foram fortes, especialmente porque Sartori propôs não apenas a nulidade, mas que os policiais militares acusados fossem absolvidos.

Como reação às críticas, o desembargador insinuou que elas eram feitas porque os veículos de comunicação são financiados pelo crime organizado! A declaração obteve repercussão imediata, como se vê nas reportagens do Estadão, do G1 e da Veja . A BBC Brasil repercutiu ainda o 'debate' entre Sartori e usuários do Facebook.

A frase foi tão forte que o Estadão ainda publicou, em 6/10, o editorial "Sem limites ao atrevimento" sobre o assunto.

Nenhum comentário: