Uma das principais reportagens do Fantástico do último domingo tratou da investigação conduzida pelo Ministério Público, Polícia Federal e Polícia Civil de SP sobre um "esquema de vazamento de informações sigilosas" que envolve dados bancários, da previdência e de automóveis.
De posse dos dados sigilosos, os golpistas forjam ações judiciais, como por exemplo de cobrança de perdas da poupança quando da edição do Plano Collor 1: "em apenas um ano, a Justiça de Birigui, a 220 quilômetros de Lençóis Paulista, recebeu 192 ações suspeitas". Até mesmo crimes mais violentos como sequestros podem ser planejados com os dados pessoais das vítimas.
As gravações telefônicas - autorizadas judicialmente - são impressionantes:
"Tu digita a cidade, aparece todo mundo que está aposentado (...) estão ativos e inativos na mesma relação. Deve ter quase um milhão de nomes"... "Estou com uma base de dados. Eu queria mostrar pra você (...) te vendo por R$ 15 mil"... "Tem o número do benefício, nome, telefone, endereço, CPF da pessoa".
Os valores pleiteados nas 192 ações acima mencionadas somados ultrapassam R$ 1,25 milhão. Um advogado da cidade de Lençóis Paulista é suspeito de ter comprado os dados pessoais e ajuizado tais ações fraudulentas.
"Em todas as 192 ações, há uma procuração, também falsa, dando amplos poderes" a outro advogado mencionado na reportagem. Segundo um juiz ouvido pelo Fantástico, em outras comarcas há "milhares de ações" também ajuizadas em nome do mesmo patrono.
Para piorar, há até advogados que alegam ter tido suas firmas falsificadas por outros colegas na assinatura de petições. Segundo a Polícia, advogados de outros Estados também compram informações sigilosas.
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Confira também nosso post "Justiça do Trabalho alarmada com golpes", de 7/9.
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