sábado, 19 de junho de 2010

Espaço Econômico

Redes de franquias ensaiam entrada na Bolsa de Valores

Por Fernando Teixeira, DCI

São Paulo, 16 de junho – Ao menos duas redes de franquia, a Franchising Ventures e o Habib’s, já projetam negociar seus papéis na Bolsa de Valores de São Paulo, a Bovespa. A primeira, cuja maior bandeira é a Livraria Nobel, busca novos investidores e sócios para comprar mais marcas e aumentar o faturamento. A rede de comida árabe fortalece o nome, inclusive no exterior.

O diretor da Franchising Ventures, Sérgio Milano Benclowicz, revelou ao DCI que a empresa já se prepara para abrir capital. Contudo, o fato deve ocorrer assim que a empresa ganhar mais volume financeiro. Para ele, a maior dificuldade de se abrir capital no Brasil está no tamanho que a empresa precisa ter. “Esse parâmetro joga o planejamento cinco anos para a frente. É preciso ser muito grande para fazer oferta pública inicial de ações [IPO].”

Ele revela que os primeiros passos já foram dados com a criação do fundo de investimento em participações (FIP), avaliado, entre patrimônio e empresas, em R$ 60 milhões. “Quando fazemos a aquisição, compramos ao menos 50% e o antigo proprietário torna-se sócio.”

Segundo ele, o FIP é o caminho para fazer o IPO. Ele não descarta a entrada de outros sócios e de fundos de investimentos. No ano passado, o faturamento girou em torno de R$ 200 milhões, e a empresa espera crescer 10% este ano. “Somos parecidos com licença de software: cada cópia é uma franquia e por isso, termos geração de caixa alta”, conta.

Hoje, a Franchising Ventures possui 9 bandeiras e totaliza 460 unidades franqueadas. “Podemos chegar a 25 marcas. Claro que não se sai comprando tudo. Precisa ter sinergia.”

A grande aposta do executivo está no setor de franquias do ramo imobiliário. O braço de imóveis da rede, a Franquia Imóveis, apresentou crescimento de 14,7% em 2009. “É o setor que mais vai crescer no Brasil motivado por crédito e troca de imóveis.”

Quanto ao ritmo de expansão dos negócios das outras marcas, o diretor aposta na implantação de várias franquias dentro de um único espaço, como acontece com a Livraria Nobel e com o Café Donuts, por exemplo. “É o benefício de se ter várias marcas dentro do guarda-chuva.”

No plano nacional, o maior volume de negócios acontece no sudeste – 70%. “Contudo, o maior crescimento proporcional está no nordeste e no centro-oeste porque a base é pequena.”

Exterior
Em 2005, a franqueadora começou a expansão internacional. Hoje a marca Livraria Nobel está presente com 25 unidades na Espanha, 3 em Angola, Portugal, México, Colômbia e EUA, com livros em espanhol e em português. “Como os negócios estão caminhando bem no Brasil, enfocamos o mercado local. O País é a bola da vez e queremos crescer aqui.” Ele não descarta comprar outras marcas.

Benclowicz contou que a loja de brinquedos Zastras será a próxima a ser exportada à Espanha. “Cada marca é um contrato diferente e precisa de um máster franqueador. Vejo boas possibilidades.”

Habib’s
Outro grupo de franquias que se prepara para ir a mercado é o Habib’s. “Talvez em 5 anos”, previu, como prazo para o IPO, o diretor de Expansão da marca, João Penna. “A diretoria estrutura a abertura, mas sem pressa.”

Na visão do executivo, a força do grupo está na consolidação da marca. Segundo ele, o negócio foi remodelado nos últimos três anos, principalmente com a criação da universidade corporativa e com a melhora da gestão. Penna ressalta que o crescimento da rede está em ritmo muito forte. “A média histórica de abertura fica na casa de 20 lojas por ano. Este ano devemos abrir 40 unidades, número que pode crescer mais, pois deve se consolidar em setembro.”

De acordo com ele, a rede de comida árabe possui 330 lojas, cujo faturamento médio é de R$ 270 mil por loja. Para Penna, o ritmo de abertura só não é mais intenso por falta de bons pontos comerciais. “Se hoje tivéssemos 100 lojas para oferecer, abririam todas. Mas não há franqueado que resista a ponto mal escolhido.”

Outra trava na expansão, mas para o mercado chinês, onde a franquia deseja abrir 1500 unidades, é a falta de mão de obra especializada. “O Brasil cresce muito e não podemos tirar pessoas daqui para levar para lá. O atendimento ficaria limitado.”

Quando questionado se uma abertura de capital ajudaria nesta operação, Penna foi enfático e disse que não falta dinheiro. “Os parceiros chineses tinham aporte para montar a estrutura tranquilamente. A parte mais pesada ficaria com eles. Falta gente.”

IMC
A International Meal Company (IMC), detentora de marcas como Viena, Frango Assado e Brunella, que tentou fazer IPO, solicitou à CVM a interrupção do processo em dezembro de 2009. A empresa alegou condições desfavoráveis à abertura.
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Postado originalmente no nosso parceiro Blog do Fernando Teixeira.

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