sexta-feira, 29 de maio de 2009

Continuação: coluna Circo da Notícia

MAÍSA
"Nesse carnaval todo que se arma contra a presença da garota Maísa no SBT, uma dúvida: algum dos autonomeados protetores de Maísa conversou com ela? Estará a menina se sentindo mal ao fazer TV? Este colunista não assistiu ao programa, apenas leu os comentários; aparentemente, não é nada que uma conversa com o próprio Silvio Santos, uma pessoa inteligente e razoável, recomendando-lhe mais tato, não resolva – e isso sem prejudicar a carreira da menina, sem impedi-la de ganhar uma boa quantia que, mais tarde, lhe será muito útil.

Outra dúvida: nas novelas, há garotinhos e garotinhas que também choram, que também são submetidos a situações de estresse, que enfrentam jornadas de trabalho estafantes – e isso é típico do trabalho na televisão, e inevitável. Há algum deles sendo protegido? Ou a proteção atinge apenas quem trabalha em emissoras menos bem posicionadas em termos de audiência e poder político?"

AS DESPROTEGIDAS
"Ah, a memória! Shirley Temple (cuja figura os estilistas do SBT procuram repetir em Maísa) ganhou um Oscar com seis anos de idade – era mais nova que a garota do SBT. Aos 21, aposentou-se. Ser uma estrela com tão pouca idade lhe fez mal? Vejamos sua vida mais tarde: foi delegada dos Estados Unidos na ONU, chefe de protocolo da Presidência da República, duas vezes embaixadora, membro da força-tarefa do governo americano que procurou resolver problemas de refugiados africanos.

Judy Garland começou a carreira no teatro musical com suas irmãs, no grupo Gumm Sisters, aos quatro anos de idade. Fez seu papel mais famoso, a Dorothy do Mágico de Oz, com 16 anos (e ganhou o Oscar). O sucesso lhe fez mal? Até certo ponto, sim; mas sua dependência de drogas (acabaria morrendo por overdose) começou por ordem médica, quando se imaginava que as anfetaminas não fizessem mal.

Liza Minelli, filha de Judy Garland e do diretor Vincente Minelli, foi a recordista da precocidade: participou de seu primeiro filme com um ano e dois meses. Filha de um diretor famoso, filha de uma atriz e cantora famosa, foi estrela a vida toda. Isso lhe fez mal? Liza ganhou seu Oscar por Cabaret e é sucesso até hoje.

E se o Ministério Público de lá tivesse interferido e impedido que Shirley Temple, Liza Minelli e Judy Garland começassem tão cedo sua carreira (ainda mais num lugar tão cheio de drogas e álcool como Hollywood), elas teriam sido mais felizes? "Se" é uma palavra imensa, a maior de todas: nela cabem todas as alternativas, cabem todos os rumos possíveis de uma vida.

Por que, então, não deixar que os pais de Maísa cuidem dela, como é de seu dever e direito?"

Textos do jornalista Carlos Brickmann, na coluna Circo da Notícia de 26/5, publicada no site Observatório da Imprensa.

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