- Passo 1: escolha um assunto que as pessoas gostem de discutir. Podem ser as "espiadinhas" do Big Brother Brasil ou o novo affair da celebridade da última novela das oito. No nosso exemplo, vamos selecionar o seguinte: remuneração. Afinal, todo mundo gosta de falar do salário dos outros.
- Passo 2: para dar gosto, acrescente um elemento especificador. Por exemplo, falemos sobre salário de servidores públicos, que está para o paladar do brasileiro, assim como feijoada com caipirinha aos sábados.
- Passo 3: adicione uma pitada de tempero picante. Por que não falar sobre os servidores mais bem remunerados? A repercussão será maior.
- Passo 4: bata tudo no liquidificador e, antes de levar ao forno, acrescente duas colheres (das de sopa) de algum ingrediente que dê liga à mistura. O chef recomenda a utilização das chamadas diárias. Como na iniciativa privada praticamente ninguém aufere diárias, explique no que consistem.
- Passo 5: ao servir, tempere com exemplos concretos de beneficiários que recebem as diárias sem motivo para tanto. Caso não seja possível, deixe subentendido na reportagem que, mesmo que o pagamento seja legal, haveria algo de errado.
- Passo final: agora é só servir e bon appétit. Confira o resultado: "Diárias permitem que juiz de SP ganhe mais que no STF"
- Sobremesa: uma boa refeição só está completa com uma sobremesa caprichada. Para o gran finale, uma entrevista com alguma autoridade para justificar o que o teor da reportagem tentou demonstrar ser injustificável: "Pagamento está na lei, diz procurador-geral"
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PS 1 - Apesar de termos tratado o tema com ironia, para descontrair o final de semana, as matérias acima, da jornalista Lilian Christofoletti, publicadas na Folha de S.Paulo de 9/3, são sérias, bem escritas e possuem indiscutível relevância jornalística. Poderiam, é certo, constar de qualquer edição do jornal, deste, do próximo, ou de dois, três anos atrás.
PS 2 - Não consegui localizar na internet versões abertas das reportagens menciondas. Assim, não serão disponibilizados aqui os links. Assinantes da Folha ou do UOL podem localizá-las nas edições anteriores do matutino.
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