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De uns tempos pra cá,
vários jornalistas têm tocado no assunto, que já foi comentado neste blog, em outras oportunidades. Os comentários ofensivos publicados
em sites e blogs andam cada vez piores. Muitos dos principais portais
não fazem nenhum tipo de controle prévio, o que aumenta a
quantidade de ofensas, grande parte anônimas.
Suzana Singer, a
ombudsman da Folha de S.Paulo constatou o aumento da baixaria:
“Leitores reclamaram de comentários homofóbicos acerca da notícia
sobre a autorização de um casamento civil lésbico. Internautas
usaram truques para driblar o filtro da máquina. Em assuntos
'sensíveis', a moderação deveria ser feita por gente, mesmo que os
posts demorem a entrar no site”.
O jornalista Ricardo
Kotscho verificou o crescimento das ofensas quando tratou da doença
do ex-presidente Lula: “Tenho o hábito de ler a área de
comentários dos grandes portais e fico pensando se não tem ninguém
nestas empresas capaz de dar um basta a este esgoto que corre a céu
aberto nas chamadas redes sociais. Custa tanto fazer moderação dos
comentários que muitas vezes repetem, com expressões mais chulas, o
que o próprio blogueiro escreveu?”.
Completou Kotscho: “A
interatividade é a grande riqueza da internet e deve ser preservada.
(…) Por isso mesmo, esta conquista deve ser preservada,
removendo-se o lixo que invade as áreas de comentários, em respeito
aos leitores que fazem delas importante instrumento de participação
democrática”.
Quem também anda
assustado com o baixo nível dos comentários é o escritor e blogueiro
Marcelo Rubens Paiva. Quando questionou a invasão da PM na USP, foi
atacado impiedosamente: “dos mais de 400 comentários abaixo, o
índice de reprovação dos acontecimentos é altíssimo. E, claro, as agressões pessoais foram a tônica
dos leitores: sou maconheiro, esquerdóide, analfabeto, autor de um
livro só, cujo acidente me deixou paraplégico e burro, e a
quantidade de drogas que tomei queimaram meus neurônios”.
Não tenho notícia de nenhum portal condenado civil ou criminalmente pelos comentários de seus leitores, mas está na hora dos que não tomarem providências para evitar as ofensas à honra alheia serem judicialmente responsabilizados.
O mau gosto nos comentários
está disseminado na internet. Confira alguns exemplos retirados de reportagens publicadas neste domingo na internet:
Na matéria
“Traficantes usam até balões de festa para esconder droga”, do
Estadão, um leitor afirmou: “É facil acabar com os traficantes de
droga do Rio. É só o povo carioca parar um pouco de cheirar
cocaina. Vá gostar de cheirar pó assim lá na Conchichina. Haja
nariz!!!!!!!!”
Em “Chacareirocadeirante é morto a pauladas no Setor de Mansões do Lago Norte”,
do Correio Braziliense, foi dito: “O vagabundo "menor"
não foi prêso; foi "apreendido", e não matou e roubou,
apenas fêz um "ato análogo", e o cadeirante não é um
sêr humano - é análogo à um. O juiz dará ao vagabundo uma
sentença análoga a uma punição, e ele sairá com a ficha limpa,
para matar e roubar recebendo toda assistência.” (todos os erros
no original)
Na reportagem “Apósocupação da Rocinha, 13 armas são apreendidas; foragido écapturado”, da Folha.com, um internauta afirmou: “Não,
Carlos. Eles traficam; nas igrejas lavam o dinheiro do tráfico (veja
o caso do Waldomiro, preso com armas de grosso calibre há alguns
anos). Nossos pastores não querem concorrência...”
Por
fim, em “Imagens inéditas mostram ocupação e retirada dealunos da reitoria da USP”, do
G1, o portal de notícias da Globo, afirmou-se: “A ação da reitoria
está mais que certa. Marginal é marginal mesmo sendo um
universitario. Só espero que um grupo de demagogos políticos venha
defender estes criminosos que buscam ter um diploma. A reitoria
deveria expulsar todos os 72 maus exemplos. Marginais não gostam da
policia, a policia é para mater a ordem, parabêns a todos os
policiais que enquadraram este pseudos alunos. Eu como pai sentiria
vergonha se o meu filho estives no meio desses pessímos exemplos.”
(erros no original)
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