Se você fosse dono de um dos jornais mais importantes do país e uma decisão judicial contrariasse suas vontades - especialmente num caso envolvendo direito de família - o que faria? Muitos, provavelmente, usariam o mesmo expediente que o jornal argentino Clarín e passariam a criticar abertamente a decisão.
Após a decisão da Câmara Nacional de Cassação Penal, desfavorável aos filhos da dona do jornal, o Clarín passou a atacar a decisão em reportagens que mais se assemelham a editoriais.
Numa das matérias, afirmou que a decisão foi tomada, "em que pese a Suprema Corte de Justiça da Nação já ter declarado a inconstitucionalidade deste tipo de medidas, por vulnerar os direitos humanos" e que "não tem precedentes no país (...) é uma perseguição política e midiática".
Em outras duas matérias, afirmou que a comparação do DNA dos jovens com todo o Banco Nacional de Dados Genéticos implicaria numa busca a ser feita "ante a total ausência de provas e a inexistência de suspeitas fundadas", além de ter qualificado as primeiras decisões judiciais como "o início de um inferno (...) uma situação incompreensível, que viola a igualdade perante a lei e os princípios elementares de direito".
Embora seja compreensível a angústia da proprietária do jornal, houve de tudo, menos jornalismo sério, na cobertura do caso.
_____
Confira as várias reportagens (todas em espanhol):
- "Caso Noble Herrera: Casación insiste con extracción compulsiva contrariando precedentes de la Corte";
- "Pese a los precedentes, Casación insiste en la extracción compulsiva";
- " Un caso que podría estar ya resuelto";
- "Ocho años, tres muestras y una persecución sin precedentes".
Nenhum comentário:
Postar um comentário