quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Espaço Econômico

Bradesco, BB e Caixa reforçam parcerias

Por Fernando Teixeira, DCI

O Banco do Brasil (BB) e o Bradesco assinaram memorando de intenções com o português Banco Espírito Santo (BES) para criação de uma holding para atuar no continente africano. Hoje, o BES detém 100% das ações e a participação de cada membro brasileiro na nova empresa será decidida entre 60 e 90 dias.

De acordo com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a participação na holding não impede que o BB faça mais aquisições no exterior. “Esta operação é voltada apenas para a África. O banco atua nos EUA. Inclusive, o Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, concedeu status de Financial Holding Company, o que permite ao banco atuar como banco de varejo. Podemos expandir naquele país.”

Uma fonte ligada ao BB revelou ao DCI que ao menos 10 bancos americanos estão sendo analisados. “Todos apresentam bons preços depois da crise, independentemente do porte.” Nos bastidores circulam nomes de instituições que poderiam ser compradas pelo BB, como Citigroup, mas a fonte não confirmou o nome.

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Outra possibilidade é que o BB faça mais uma aquisição na América Latina. O maior banco nacional comprou recentemente o Banco Patagonia, um dos maiores da Argentina.

Para o ministro Mantega, o fato de os bancos brasileiros pensarem em expansão é uma vocação. “Os bancos nacionais estão dentre os mais sólidos do mundo. Demonstraram isto durante a crise financeira.” Na visão do ministro, os mais beneficiados com a parceria dos três bancos seriam empresas nacionais que atuam naquele continente.

“Ocupar espaço antes de outras bandeiras.” Este foi o tom da conversa entre os executivos dos três bancos durante a apresentação do projeto de atuação na África. A ideia é aproveitar a estrutura que o BES tem na África para fortalecer o posicionamento da holding. Segundo o presidente do BES, Ricardo Salgado, o banco possui forte presença em países em desenvolvimento, como Angola, onde há 30 agências; o segundo mercado é a Líbia, com 20. “A intenção da holding é preservar a identidade local. Queremos ocupar espaços.”

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De acordo com o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, a parceria tem foco mais na estratégia do que na rentabilidade da operação. Ele afirmou que o aporte do BB na operação “não será relevante”. Na mesma linha, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, comentou que os planos para a África não trarão “impacto relevante sobre o patrimônio” da instituição.

Contudo, Bendine analisa que nos próximos anos a demanda por investimentos e bancarização será muito forte nos países africanos. “Queremos ocupar o espaço de uma indústria bancária nascente. O continente africano tem baixíssima bancarização, de 15% em alguns países. É um continente que oferece oportunidades. Antes que outros países o ocupem, três instituições se unem para ocupar esse espaço.”

Para o presidente do Bradesco, a operação reflete o momento econômico atual. “A África, depois da América Latina, passa por um bom momento econômico, principalmente em commodities, em absorção de alimentos. A África está encontrando o seu caminho de desenvolvimento industrial e agropecuário.” Os bancos devem manter também a marca atual dos bancos que vão contar com a participação da nova empresa na África.

Cartões - Não é apenas na área de internacionalização que a parceria entre Banco do Brasil e Bradesco parece se fortalecer. A bandeira de cartão de crédito e débito Elo terá também a participação da Caixa Econômica Federal.

Segundo Bendine, outros bancos procuram a nova empresa para poder emitir cartões com a nova bandeira. O objetivo do grupo é abocanhar 15% do mercado de pagamentos, cerca de R$ 80,25 bilhões, em até 5 anos. Ano passado, o faturamento da indústria de cartões foi de R$ 535 bilhões. Os três bancos, somados, têm 100 milhões de clientes.

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Quanto aos concorrentes MasterCard e Visa, o presidente do Banco do Brasil afirma que elas podem perder espaço entre os bancos emissores após a entrada no mercado da Elo. “São três grandes emissores, mas não esqueçamos que vamos continuar emitindo as bandeiras. Não há rompimento, mas de acrescentar mais concorrente no mercado.”
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Publicado originalmente em nosso parceiro, Blog do Fernando Teixeira.

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