Bancos médios retomam alta da rentabilidade
Fernando Teixeira e Ernani Fagundes, do DCI
São Paulo, 17 de maio — Os chamados bancos médios finalizaram a safra de balanços nesta sexta-feira. De modo geral, as instituições apresentaram boa rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio (ROAE) e forte crescimento em crédito consignado e para empresas de pequeno e médio porte. Analistas afirmaram que os resultados até o fim do ano destas instituições devem ser positivos, apesar do governo ter anunciado medidas para frear o crescimento econômico do País em 2010.
Para efeito de comparação, retorno sobre o patrimônio destas instituições ficou assim: Bic Banco subiu de 19% no primeiro trimestre de 2009 para 19,3% o mesmo período de 2010. Banco Pine aumentou de 10,1% para 15,3%, o ABC Brasil 8,3% para 15,2%, Banrisul de 14,4% para 14,9%, Daycoval aumentou de 12,3% para 13,6%, Paraná Banco subiu de 10,4% para 11,7%. A exceção foi o Indusval que caiu de 7,3% para 7,0% entre os dois períodos.
No quesito lucro líquido, a instituição que mais lucrou no primeiro trimestre de 2010 foi o Banrisul, com R$ 121,9 milhões. Seguido pelo Bic Banco – R$ 80,3 milhões, Daycoval com R$ 54,6 milhões, ABC Brasil R$ 46,9 milhões, Banco Pine R$ 30,2 milhões, Paraná Banco R$ 22,4 milhões, Sofisa R$ 10 milhões e Indusval com R$ 7,3 milhões
Na observação do diretor da Fractal, Celso Grisi, os bancos médios devem continuar crescendo a base de crédito, mesmo com as medidas de contenção anunciadas pelo governo federal. “Diria que de reduziu 100 para 80. Não haverá crises”. Para ele, um crescimento de 25% no final do ano é motivo de comemoração.
Para Grisi, o Indusval é um dos que devem se fortalecer no middle market e crédito consolidado. Mesmo caminho deve seguir o Bicbanco, o líder no setor de empréstimos para médias empresas no Brasil. “Eles devem lançar dívida subordinada de para 5 anos com retorno de 12% a 13%; estourando, 14%. No caso de bancos grandes a captação é de 7%.”
O especialista analisa que o árabe ABC Brasil aproveita a onda de negócios do middle market e fornece trade finance muito forte para o mundo árabe. “Eles cresceram muito em Minas Gerais, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto, com operações de trade. Devem fechar o ano muito bem.”
Mateus Bandeira revelou que a meta do Banrisul é fazer a contenção de despesas administrativas e como consequência obter melhores lucros nos próximos trimestres. Até março, o banco apresentou lucro líquido de R$ 121,9 milhões e crescimento de 14,4% na comparação com os resultados do mesmo período de 2009. Para isso, Bandeira pretende cortar cerca de R$ 45 milhões, ainda este ano. “Contratamos o Instituto de Desenvolvimento Gerencial [INDG] para nos auxiliar nesta tarefa. Queremos resultados positivos no curto e médio prazo nos processos.”
A preocupação de Bandeira tem fundamento. Somente no primeiro trimestre, as despesas administrativas do Banrisul subiram 11,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Os gastos foram de R$ 423,1 milhões.
O presidente do banco sulista ressaltou que dentre as despesas administrativas está inclusa os investimentos em marketing. “É uma forma de nos defendermos contra a concorrência. Justifica parte do gasto.”
Hoje o banco detém toda a folha de pagamentos do Estado do Rio Grande do Sul. Com este trunfo, o banco conseguiu aumentar os recursos captados e administrados 15,2% acima do registrado no mesmo mês de 2009 somando R$ 22,4 bilhões no fim de março.
“Esperamos fechar o ano com um crescimento na casa de 22% a 25% da carteira de crédito total. O nosso vetor deve ser o crédito a pessoas físicas – de 30% a 35% – principalmente no consignado”. O banco fez aquisição de carteira de crédito consignado fora do mercado do sul “temos qualidade e inadimplência quase zero nesta carteira, existe espaço para crescer”. O executivo ressaltou ainda que o banco “não está à venda”.
O analista de investimentos do Banco Fator Fernando Salazar avaliou o balanço divulgado pelo Banrisul na última sexta-feira. “Apesar do desempenho operacional favorável e do significativo aumento da carteira de crédito, acima do sistema financeiro e dos grandes bancos, o resultado do primeiro trimestre foi fraco e impactado negativamente por menores receitas de margem financeira e comissões, além de maiores despesas em não-juros.”
Ele considerou que o reflexo do desempenho é a estabilidade no índice de eficiência da instituição em relação aos últimos trimestres, cujas receitas não estão sendo suficientes para absorver a elevação das despesas operacionais. “Esperamos redução gradual do indicador de eficiência para os próximos trimestres.”
Conteúdo do Blog do Jornalista Fernando Teixeira.
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