Uma questão processual pode fazer com que a Argentina esclareça mais uma página de seu passado. Na última sexta-feira (10/4), a Câmara de Cassação Penal rechaçou recurso dos advogados do grupo Clarín (o maior grupo de comunicação argentino) e deu a vitória às Avós da Praça de Maio, para que os exames de DNA de Marcela e Felipe Noble Herrera sejam comparados com todas as mostras genéticas do Banco Nacional de Dados Genéticos.
Marcela e Felipe foram adotados ainda bebês, em 1976, por Ernestina Herrera de Noble, viúva do fundador do Clarín. Suspeita-se que ambos tenham sido sequestrados de seus pais por militares, prática comum durante o regime ditatorial argentino.
Atualmente, já foram descobertos os pais biológicos de 101 de um total de 400 filhos e netos desaparecidos e procurados pelas Avós da Praça de Maio, os chamados "filhos da ditadura".
O mérito recursal não chegou a ser examinado pelo tribunal. Pelo que pudemos apurar das reportagens (confira amanhã aqui no blog, em Vale a leitura!), os advogados do Clarín não possuíam mandato para representar os envolvidos. "Não se trata de mero rigorismo formal. A legitimação para atuar é um dos pontos centrais do processo", afirmou Yacobucci, um dos juízes da Câmara de Cassação.
Embora o mérito não tenha sido apreciado, as reportagens apontam que as circunstâncias das adoções dos jovens foram contestadas e incluíam declarações falsas da mãe adotiva e de algumas testemunhas-chave. Em 2002, um juiz chegou a determinar a dentenção de Ernestina de Noble, o que lhe custou sua destituição do caso.
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Visite o site do importantíssimo grupo das Avós da Praça de Maio.
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