"Um corpo de advogados tecnicamente preparados não é determinante para o sucesso de um escritório de advocacia". Assim começa a reportagem de Giselle Souza para o Jornal do Commercio de 11/5.
A matéria repercute estudo de empresa de consultoria realizado com 200 bancas e que considerou como bem sucedidas apenas as com faturamento superior a US$ 3 milhões/ano. Este - na nossa opinião - é o ponto fraco da reportagem, por restringir demasiadamente o modelo de sucesso, quando se sabe que muitos escritórios podem ser considerados verdadeiros exemplos, mesmo sem atingir tais valores.
Feita a ressalva e não se descuidando de que não existe uma receita pronta para o sucesso em nenhuma profissão, os pontos trazidos pela pesquisa são bem interessantes. Além da boa técnica jurídica, saber administrar o escritório é muito importante, assim como ter liderança sobre a equipe.
Acrescente-se outras qualidades, como visão estratégica, desenvoltura na comunicação, habilidade com números e capacidade de networking.
Para o organizador da pesquisa, um dos principais problemas é que o advogado não é estimulado a desenvolver tais características, concentrando-se apenas na boa técnica profissional.
Mas já adiantamos muito sobre o tema. O ideal mesmo é você conferir a reportagem "Muito além da boa técnica", publicada no Jornal do Commercio e reproduzida no clipping eletrônico da AASP.
Um comentário:
Muito interessante a matéria, porque mostra uma tendência que vem, dos anos 90, que á da expansão e racionalização da organização dos grandes escritórios, e sua consolidação como modelo para a organização das bancas em geral - independete do tamanho e da área e atuação. Quem conhece o meio da advocacia, sabe que o modelo de administração dos grandes escritórios virou uma referência para a organização dos escritórios em geral - e hoje, até bancas pequenas se preocupam com marketing, gestão e relacionamento com o cliente, além do que já era feito, ainda que intuitivamente, pela advocacia mais tradicional. Essa tendência acaba abrindo espaço para uma série de especialistas (em marketing jurídico, em recursos humanos, em gestão de escritórios), criando um novo mercado, paralelo à advocacia.
Resta saber como a OAB lidará, num futuro que acredito não estar tão distante, com essa tendência, tendo em vista a preocupação da entidade (expressa em suas manifestações públicas, em seu Código de Ética e nas decisões de seus TRibunais de Ética) em evitar a "mercantilização" da advocacia, em garantir a autonomia do advogado empregado e o perfil liberal da profissão.
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