sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Ninguém se entende sobre os grampos

Ganhou grande repercussão na mídia a informação do corregedor nacional de Justiça, ministro Gilson Dipp, de que o número de escutas telefônicas judiciais no país não chegaria a 12 mil*.

Há alguns dias, a CPI dos Grampos afirmou terem ocorrido 375 mil escutas em 2007, número menor que o divulgado semanas antes, pela mesma CPI, que teria então constatado mais de 400 mil grampos legais no ano passado. Os dados, como se vê, não batem em hipótese alguma, nem consideradas as diferenças entre os períodos apurados.

Interessante foi o tratamento bem diferente que Folha de S.Paulo e O Globo deram à divergência entre os números. Os dois jornais publicaram editoriais sobre o tema no último dia 19.

O editorial da Folha, bem mais centrado, destacou a discrepância dos números e a importância das escutas telefônicas nas investigações criminais, "desde que bem fundamentada e controlada [a escuta]".

O Globo radicalizou. Partiu de uma premissa que até agora não se mostrou verdadeira (a comprovação de espionagem no Supremo) e encampou a tese da "parceria" entre delegados e juízes federais para defender a prorrogação da CPI, de modo a serem criados mecanismos "que protejam a sociedade dos delírios de homens providenciais que porventura estejam investidos de algum poder de Estado".

(*) Dados referentes a setembro e outubro de 2008.
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Confira os editoriais "O disparate dos grampos" da Folha e "Freio nos delírios", d'O Globo, ambos reproduzidos no clipping do Ministério do Planejamento.

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