quarta-feira, 16 de abril de 2008

“Condeno o jornal a publicar esta sentença...”

Nas ações de indenização por danos morais movidas contra órgãos da mídia, é muito comum o pedido de reprodução da sentença procedente nas páginas do veículo condenado. Tal publicação é eficaz na função de reparar o dano sofrido pelo ofendido? Depende.

Caso a publicação se dê em curto espaço de tempo após a divulgação considerada ofensiva pela Justiça, pode ser útil. Mas, e se publicada muito tempo depois? Este é apenas um dos pontos abordados no artigo “A diagramação ausente”, de autoria do jornalista Eugênio Bucci, publicado no site Observatório da Imprensa.

Repercutindo a reprodução da síntese de uma sentença na edição de 10/4 de O Estado de S.Paulo, que se referia a uma reportagem publicada há quase uma década, Bucci tocou em outro ponto sensível à área jurídica: a linguagem. Ou, nas palavras do autor: “o descompasso entre o idioma do Poder Judiciário e o idioma da imprensa”.

O artigo lembra ainda que os juízes só se preocupam com o conteúdo dos textos (sentenças, direitos de resposta, reparações) que mandam publicar, se esquecendo do importantíssimo papel de outros elementos da linguagem jornalística, tais como edição, diagramação, design gráfico, título, etc.

Transcrevo, a seguir, um pequeno trecho:

“São papéis por demais distintos, o do juiz e o do jornalista. Nenhum melhor ou mais digno que o outro. Apenas diferentes. Por isso é que o contraste fala tão alto quando blocos de textos judiciais entram no meio de dezenas de outros blocos jornalísticos. Os primeiros, auto-suficientes, bastam-se de palavras. Quem tiver juízo que os leia. Os segundos combinam textos e imagens editadas; são concebidos para cativar os olhos e a imaginação do público.” (Eugênio Bucci)
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Confira o artigo “A diagramação ausente” e não deixe de clicar na página do Estadão nele reproduzida, para ver na prática o que diz o autor.

O Observatório da Imprensa é um dos sites cuja leitura recomendo a todos que querem conhecer um pouco mais sobre a mídia.

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