Deu no Jornal Nacional de ontem (27/3), já está nos sites e, nesta sexta-feira, estará nos principais jornais do país: o consórcio Via Amarela, responsável pela construção da linha 4 do metrô de São Paulo, anunciou que a culpa pelo acidente de 12 de janeiro de 2007 – que criou uma gigantesca cratera no local onde seria construída a futura estação Pinheiros e culminou na morte de sete pessoas – é de uma rocha! Uma rocha gigante, para ser mais preciso.
Nunca é demais divulgar – como fez a reportagem do UOL – que o mencionado consórcio é integrado pelas empresas OAS, CBPO (grupo Odebrecht), Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez*. É que a imprensa, de um modo geral, costuma tratar o caso apenas se referindo ao consórcio, sem mencionar as empreiteiras responsáveis por sua formação.
A conclusão de que a culpa é da rocha e de que o desabamento foi uma “fatalidade” está em um laudo geológico encomendado pelo próprio consórcio e elaborado pelo engenheiro Nick Barton (britânico, segundo o UOL ou norueguês, de acordo com a Globo). A rocha teria 15 mil toneladas e não foi detectada pelas perfurações realizadas “por azar”. Para Márcio Pellegrini, diretor do consórcio: “Nada teria impedido o acidente. Todos os métodos conhecidos existentes teriam falhado.”
Na edição nº 21 de Direito na Mídia (23/1/07) comentávamos: “Merecem relevo também os debates sobre os culpados pelo desabamento e os responsáveis pelas indenizações, se o Estado, as empresas que integram o Consórcio Via Amarela ou São Pedro!”, deixando a seguinte pergunta em aberto: “quem responderá pelos enormes prejuízos que a cidade de São Paulo vem sofrendo, com seguidas interdições da Marginal do Rio Pinheiros e outras importantes vias urbanas?”.
Pelo laudo divulgado na noite de ontem, a questão permanece sem resposta.
Em tempo: numa rápida pesquisa na internet, somente o UOL relacionou as empreiteiras envolvidas na obra. Os sites G1 (Globo), Terra, Folha Online, Último Segundo (IG) e Estadão.com, além do próprio Jornal Nacional, apenas fazem referência ao consórcio Via Amarela. Como o consórcio sequer possui site, o nome das empresas praticamente não é atingido pelas notícias negativas da cratera do metrô paulistano.
* Há reportagens antigas que afirmam que a empresa Alstom também participa do consórcio. Como a Alstom fabrica trens, sistemas de sinalização e centros de controle operacional, acreditamos que ainda não estava atuando na época do desabamento.
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